04 outubro 2011

Hoje é o Dia Mundial dos Animais!!





Por Diana Levacov

Hoje, 04/10, é o Dia Mundial dos Animais (não-humanos). No dia 21/09 nós celebramos o Dia da Árvore. Qual a relação entre animais e árvores?

Os animais e as árvores não vivem uns sem os outros. As árvores fornecem sombra, alimentos e abrigo aos animais, além de preservarem a estabilidade do solo e, com isso, protegerem os rios do assoreamento. Elas também contribuem para a formação das chuvas e, ao mesmo tempo, protegem os animais dessas mesmas chuvas e outras intempéries (como, por exemplo, ventos fortes). As árvores também são fonte do oxigênio que nós, animais, respiramos.

Os animais, por sua vez, são fonte do dióxido de carbono que as árvores utilizam na sua respiração e no processo de fotossíntese, a transformação da energia solar em energia disponível para os seres vivos. Os animais também contribuem para a sobrevivência e reprodução das árvores ao ajudá-las no processo de polinização (especialmente, as aves, os morcegos e os primatas). Eles carregam o pólen e as sementes dos vegetais para novas áreas e assim as propagam. Os dejetos (urina e fezes) e mesmo os corpos dos animais mortos tornam o solo mais rico e alimenta as árvores, que por sua vez, fornecem sombra, alimentos e abrigo aos animais... É isso que chamamos de “Círculo Virtuoso”.

Vejam também: http://geusoinearj.blogspot.com/2011/10/vida-animal-selvagem-da-floresta-alceo.html para baixar alguns arquivos importantes sobre fauna.

Em homenagem a eles, aí estão algumas poesias muito especiais:


Arara-azul

Ave
manchada
de céu.

Um vôo
sem volta
ao destino
da cor

Eberth Alvarenga
Do livro: "Desafins", Scriptum Livros, 2002, MG


Cigarra

Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.

Guilherme de Almeida


A Formiga

E dizer-se que não tens nervos, ó nervosa
ó vibrátil, sutil, minúscula formiga!
Dizer que não tens alma! E haverá quem o diga,
se o teu exemplo toda gente o imita e glosa?!

Tão pequenina és tu, e, astuta e laboriosa,
arrastas uma folha — e a arrastada te abriga...
E o requinte que pões em roer o grão de espiga?
E a perícia em bordar as pétalas da rosa?

Passas, eu me pergunto onde o melhor motivo:
se — Atlas — erguer nas mãos e nos ombros a Esfera,
se — formiga — arrastar um ramo nutritivo;

Ou — sonhador que a própria angústia retempera —
dia e noite viver, qual dia e noite vivo,
ao peso imaterial de uma triste quimera...

Hermes Fontes
Do livro: "Microcosmos", 1919, RJ


O Cágado

I
é marcha e massa,
distância
que se cria no vagar.
Peso de tempo
em casco e lama,
o cágado
transforma o espaço
em paciência

II
na terra ou água
é medo que se faz
em carapaça —
à ameaça de ataque,
(a fome
em força
à frente)
principalmente
em trovoada,
(quando pequeno e mole)
o cágado
fornece escuro
em dentro a si.

Ildásio Tavares


O Beija-Flor

O verde beija-flor, rei das colinas,
Vendo o rocio e o sol brilhante
Luzir no ninho, trança d'ervas finas,
Qual fresco raio vai-se pelo ar distante.

Rápido voa ao manancial vizinho,
Onde os bambus sussurram como o mar,
Onde o açoká rubro, em cheiros de carinho,
Abre, e eis no peito úmido a fuzilar.

Desce sobre a áurea flor a repousar,
E em rósea taça amor a inebriar,
E morre não sabendo se a pode esgotar!

Em teus lábios tão puros, minha amada,
Tal minha alma quisera terminar,
Só do primeiro beijo perfumada!

Leconte de Lisle
Tradução de D. Pedro II (*)
___________
(*)Tradução de de Le Colibri, in Poesias completas de D. Pedro II: originais e traduções, sonetos do exílio, autênticas e apócrifas. Prefácio de Medeiros e Albuquerque. Rio de Janeiro: Guanabara, 1932. Poema integrante da série Versões.


Ave de Rapina

Abre bem tuas asas
Deixa o sol aquecê-las
Refletir seu brilho
Nas plumagens
Da beleza da couraça
Cada raio refletido
É sinal de amor
Submergido
Em teu corpo plúmeo

Ave preciosa
Deixa que o sol te alise
Te acaricie em sua magia
E renove tuas forças
Pássaro de garbo
Ave de Rapina
Alça teu vôo
Em alucinações
E alucina

Luciano Dias Rosa/Ludiro


Aprendo com abelhas do que com aeroplanos

Aprendo com abelhas do que com aeroplanos.
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
é um olhar para o ser menor, para o
insignificante que eu me criei tendo.

O ser que na sociedade é chutado como uma
barata - cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar
para baixo.

Sempre imagino que venha de ancestralidades
machucadas.

Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão -
Antes que das coisas celestiais.

Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.

Manoel de Barros


Poema a João-de-Barro

João pequenino, cor de barro,
Ligeiro, trabalhador, saltitante,
Construindo sua casa no galho,
Ele mesmo passarinho vibrante.

Com a companheira começa a levantar,
Casa miúda que os dois não cabem juntos,
Diligentes trabalham para a morada aprontar
Nenhuma folga querem e labutam em conjunto.

Unidos, companheiros e leais,
Os passarinhos protegem o seu teto,
Com amor e carinho reais.

Para o esforço e diligência não há veto,
O empenho é exemplo nobre e peculiar,
E o casal entra glorioso em seu lar.

Vânia Moreira Diniz

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